< Gavião-miúdo | Sovi-do-norte >  
 

Gavião-bombachinha-grande Accipiter bicolor (Vieillot, 1817)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Politípica (4 subespécies)


Indivíduo adulto. Foto: Jonatas Rocha

Trata-se de um especializado caçador de aves, persegue desde sabiás, pombas até inhambus e saracuras. É bastante discreto, raramente plana, costuma ficar em silêncio empoleirado no interior da mata de onde se lança atrás de suas presas. Também conhecido como gavião-bicolor e gavião-caçador.

Descrição: Mede de 33 a 46 cm de comprimento com peso médio de 204-250 g (macho) e 342-454 g (fêmea) (Del Hoyo et al. 1994). Possui plumagem variável, em geral, macho adulto possui a plumagem cinza na parte ventral e cinza-escuro no dorso, com calções avermelhados e cauda com três barras cinza; Fêmea adulta com dorso mais amarronzado com rufo na barriga chegando até quase o peito; Jovem apresenta plumagem bastante variável, em geral com dorso marrom-escuro e partes inferiores que varia do creme, castanho até o branco, com estrias amarronzadas por todo o ventre. A cor da íris varia do amarelo ao laranja, aparentemente quanto mais velho o indivíduo mais alaranjada é a íris.

Espécies similares: Indivíduos jovens podem ser confundidos com falcões do gênero Micrastur, como o M. semitorquatus, que possui uma meia-lua bem visível atrás dos olhos, pernas mais longas e cauda mais volumosa. As populações do norte do Brasil têm subadultos com cinza mais claro, quase branco, as vezes sem calções avermelhados, podendo ser confundido com Accipiter poliogaster. Tanto pousado quanto em voo, adultos podem ser confundidos com o Harpagus diodon que é menor, de morfologia e comportamento diferente, além de possuir uma faixa escura na garganta.

Dieta e comportamento de caça: Alimenta-se quase que exclusivamente de aves; Caça sabiás (Turdus e Mimus), pequenas pombas (Columbidae) até inhambus (Crypturellus). Ocasionalmente pode capturar pequenos mamíferos e lagartos. Caça utilizando poleiros para localizar suas presas ou voando sobre as copas.

No sul do Brasil, J. Albuquerque (com. pess.) observou um indivíduo caçando como um falcão, planando a grande altitude e posteriormente fazendo um mergulho aéreo sobre um grupo de canário-da-terra (Sicalis flaveola) e tico-tico (Zonotrichia capensis). Já foi relatado seguindo grupos de macacos-prego (Cebus sp) para alimentar-se de insetos espantados por eles. Também já foi observado tentando atacar macacos-de-cheiro (Saimiri sp) e saguis (Saguinus sp) (Marquez et al. 2005).


Reprodução:
Constrói o ninho em formato de plataforma, com ramos e galhos secos, no alto de árvores em alturas variadas. Coloca de um a quatro ovos que são incubados durante 33 a 37 dias. A fêmea incuba os ovos e o macho responsável por levar alimento ao ninho. Os filhotes ficam sob cuidados dos pais por aproximadamente sete semanas, após esse período começam a caçar e se afastar da área do ninho, embora alguns retornem para o ninho por algumas semanas seguintes de modo que os pais o deem a algo comer.

Em uma área rural de Sacramento/MG, Douglas Fernando (obs. pess.) monitorou as atividades de um ninho de A. bicolor, entre os meses de outubro e dezembro de 2016. O ninho estava situado no alto de uma árvore, a cerca de 4 m do solo. A fêmea, bastante agressiva, durante aproximações humanas sempre defendia a área do ninho através de voos rasantes e vocalizações frenéticas. No final de novembro notou-se a existência de um único filhote, totalmente emplumado, em poleiro nos arredores do ninho ainda dependente dos pais.

Distribuição e subespécies: Ocorre do sul do México até o nordeste da Argentina, incluindo todo o Brasil. São conhecidas quatro subespécies:

  • Accipiter bicolor fidens: ocorre das provínicias de Yucatán, Oaxaca e Veracruz do México ao sul do mesmo país;
  • Accipiter bicolor bicolor: sul do México (Peninsula de Yucatán), América Central até o oeste dos Andes e noroeste do Perú (Lambayeque), Bolívia, leste do Peru e do Brasil;
  • Accipiter bicolor pileatus: Brasil, sul da Amazônia (leste do Mato grosso até o sul do Maranhão e Ceará).
  • Accipiter bicolor guttifer: Brasil (oeste de Mato Grosso), Bolívia até chaco no Paraguai e missiones na Argentina (Del Hoyo et al. 1994; Marquez et al. 2005).

Habitat e comportamento: Habita vários típos de florestas, desde florestas mais densas, matas de galeria, matas secundárias até cerrado mais arbóreo (Sick, 1997; Mikich & Bérnils, 2004). É um gavião florestal de difícil detecção, dificilmente pousa em lugares abertos e raramente plana acima de florestas, costuma ficar em silêncio empoleirado no interior da mata de onde se lança atrás de pequenas aves.

Durante o período reprodutivo costuma voar a grandes altitudes, solitariamente ou em pares, realizando uma série de acrobacias e vários mergulhos que são executados após uma sequência de batidas rápidas de asas (obs. pess. D. Kajiwara, J. L. B. Albuquerque e L. G. Trainini). Devido ao seu comportamento críptico, é provavelmente subestimado em levantamentos ornitológicos, podendo ser mais comum do que aparenta.

Movimentos: Espécie residente.



:: Página editada por: Willian Menq em Jan/2018. ::




Referências:

Ferguson-Lees, J. e D. A. Christie (2001) Raptors of the World. New York: Houghton Mifflin Company.

Márquez, C., Gast, F., Vanegas, V. & M. Bechard. (2005) Aves Rapaces Diurnas de Colombia. Bogotá: Instituto de Investigación de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt. 394 p

Mikich, S.B. & R.S. Bérnils (2004) Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná.

Sick,, H. (1997) Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.


Site associado:
Global Raptor Information Network

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Gavião-bombachinha-grande (Accipiter bicolor) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/accipiter_bicolor.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Chamado (gravado por: Fabricio Gorleri)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Quixadá/CE, Nov de 2017.
Foto: Douglas Almeida
 

Indivíduo jovem.
Juazeiro/BA, Out 2016.
Foto: João Paulo Zanon
 

Indivíduo adulto.
Itabira/MG, Out de 2012.
Foto:
Haroldo Londero
 
Indivíduo jovem.
Ilha do Mel/PR, Maio de 2008
Foto:
Diogo Lagroteria Faria
 

Indivíduo jovem.
Sacramento/MG, Nov de 2016.
Foto: Douglas Fernando
 
Indivíduo adulto.
Sacramento/MG, Nov de 2016.
Foto:
Douglas Fernando