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Gavião-bombachinha Harpagus diodon (Temminck 1823)
Ordem: Accipitriformes | Família: Accipitridae | Monotípica


Indivíduo adulto. Foto: Claudio Guimarães

Espécie presente em quase todo o Brasil. É migratório, passa o verão nas florestas do sul e sudeste do país, indo para a região amazônica durante o inverno. Caça principalmente insetos, lagartixas e pequenas aves. Também conhecido como gavião-bombachinha-pequeno.


Descrição:
Mede 29-35 cm de comprimento e envergadura de 60-70 cm (Del Hoyo et al. 1994). Adulto apresenta barriga e peito cinza, calções ferrugíneos, e dorso cinza-escuro; cera e tarsos amarelados, com íris que varia do castanho ao marrom-avermelhado. Também possuí a garganta esbranquiçada com uma listra vertical escura, característica na qual serve para diferenciá-lo do gavião-bombachinha-grande (Accipiter bicolor). Jovem apresenta peito creme estriado de marrom, calcões ferrugíneos, dorso marrom-escuro e íris mais clara, variando do amarelo ao castanho.

Dieta e comportamento de caça: Caça insetos, pequenas aves e lagartixas. Pode seguir formigas-de-correição para apanhar presas espantados por elas.

Em Florianópolis/SC, Azevedo et. al. (2006) registraram um indivíduo atacando um quero-quero (Vanellus chilensis). O gavião havia saido de uma arvoreta na borda de um descampado em direção ao grupo de quero-queros, mergulhando sobre um subadulto que conseguiu fugir. Os mesmos autores relataram o H. diodon capturando insetos em voo.

Camacho et al. (2012) observaram a espécie caçando tanajuras (Atta sp.) em revoada sobre um fragmento florestal em Cachoeiras de Macacu, RJ. Durante o evento, o H. diodon mudou seu comportamento usual de caça do tipo senta‑e‑espera para o de busca ativa em voo. O gavião forrageava junto a outros rapinantes (Heterospizias meridionalis, Rupornis magnirostris e Milvalgo chimachima), sem nenhum comportamento agonístico registrado entre as espécies.

Reprodução: São escassas as informações sobre a reprodução desta espécie. Aparentemente se reproduz nas florestas do sul e sudeste do Brasil entre os meses de outubro e dezembro (Cabanne & Roesler 2007; obs. pess. W. Menq). Constrói o ninho no alto de árvores, em forma de plataforma rasa feito de gravetos secos, colocando em média dois ovos (Cabanne & Roesler 2007).

Cabanne & Roesler (2007) observaram quatro tentativas de nidificação de H. diodon na Mata Atlântica, e todos em florestas não perturbadas. Um dos ninhos foi construído com ramos secos em uma forquilha feita por dois galhos do terço superior de uma árvore a cerca de 12 m de altura. Três dos ninhos observados continham um único jovem, e o outro possuía dois ovos, os quais eclodiram.

W. Menq (obs. pess.) encontrou um ninho no município de Irani/SC, sul do Brasil. O ninho, localizado no final de dezembro de 2012, estava localizado em uma mata ciliar ao lado de uma rodovia movimentada, a BR-153. O ninho foi construído com poucos ramos verdes e gravetos localizado em uma forquilha horizontal a cerca de 7 m do solo. No ninho foi registrado um único filhote com aproximadamente duas semanas de vida. Um indivíduo adulto (provavelmente a fêmea), ficava grande parte do tempo empoleirado em uma árvore próxima, ausentando-se apenas para caçar, posteriormente levando alimento ao filhote.

Distribuição Geográfica: Migratório, possuí uma ampla distribuição na América do Sul, encontrado desde as Guianas, Venezuela, Bolívia, Paraguai, norte da Argentina e por quase todo o Brasil (Sick 1997, Ferguson-Lees e Christie 2001).

Habitat e comportamento: Migrante regular (Lees & Martin, 2015), pode ser encontrado em florestas, borda de matas, bosques e cerrados mais arbóreos. Aparenta suportar ambientes alterados, mesmo próximo a cidades, utilizando postes da rede elétrica em beira de estradas como poleiro, embaúbas (Cecropia sp.) em aberturas de florestas, visitando áreas abertas ou bordas de forestas para caçar, sugerindo alguma plasticidade (Willis 1976, Belton 1994, Bencke 1996, Sick 1997, Bencke e Kindel 1999; Azevedo et al. 2006). No período reprodutivo é extremamente territorial, realiza voos repulsivos próximos a um potencial agressor, inclusive contra gaviões maiores.

Migração: Durante o período reprodutivo (novembro a fevereiro) permanece nas florestas do sul e sudeste do Brasil, migrando para a bacia amazônica durante o inverno (maio a agosto) (Lees & Martin, 2015).



:: Página editada por: Willian Menq em Jan/2018. ::




Referências:

Azevedo M.A.G., Piacentini V.Q., Ghizoni-Jr I.R, Albuquerque J. L. B., Silva E. S., Joenck C. M., Mendonça-Lima A., Zilio F. (2006) Biologia do gavião-bombachinha, Harpagus diodon, no estado de Santa Catarina, sul do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia 14 (4) 351-357.

Belton, W. (1994) Aves do Rio Grande do Sul: distribuição e biologia. São Leopoldo: UNISINOS.

Bencke, G. A. (1996) Annotated list of birds of Monte Alverne, Central Rio Grande do Sul. Acta Biol. Leopold. 18:17-42.

Bencke e A. Kindel (1999) Bird counts along an altitudinal gradient of Atlantic forest in northeastern Rio Grande do Sul, Brazil. Ararajuba 7: 91-107.

Bierregaard, R. O., Jr. (1995) The biology and conservation status of Central and South American Falconiformes: a survey of current knowledge. Bird Conservation International 5:329-345.

Cabanne, G. S. & S. H. Seipke (2005) Migration of the Rufous-thighed Kite (Harpagus diodon) in southeastern Brazil. Ornitol. Neotrop. 16: 547-549.

Camanho, I.; Honorato, R. S.; Fernandes, B. C.; Boechat, R. F.; Souza-Filho, C. & Kanegae, M. F. (2012) Aves de rapina diurnas forrageando tanajuras (Atta sp.) em revoada em uma paisagem fragmentada de floresta atlântica, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, 20(1), 19­21

Del Hoyo, J., A. Elliot, J. Sargutal, et. al. al. (1994) Handbook of the Birds of the World, Volume 2 . 1994. Handbook of the Birds of the World, Volume 2. Barcelona: Lynx Edicions. Barcelona: Lynx Edicions.

Ferguson-Lees, J. e D. A. Christie (2001) Raptors of the World. New York: Houghton Mifflin Company.

Lees, A. C. & Martin, R. W. (2015). Exposing hiden endemism in a Neotropical forest raptor using citizen science. Ibis (157) 103–114.

Schulenberg, T. S. (Editor) (2010) Rufous-thighed Kite (Harpagus diodon), Neotropical Birds Online Ithaca: Cornell Lab of Ornithology; retrieved from Neotropical Birds Online: [http://neotropical.birds.cornell.edu/portal/species/overview?p_p_spp=120796] Acesso em Fevereiro de 2010.

Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 862p. 1997.

Site associado: Global Raptor Information Network

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Gavião-bombachinha-pequeno (Harpagus diodon) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/harpagus_diodon > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravado por: Bernabe
Lopez-Lanus
) by: Xeno-canto.


 





Indivíduo adulto.
Extrema/MG, Março de 2016.
Foto:
Wilson Lucheti
 

Indivíduo jovem.
Porto Seguro/BA, Maio de 2017.
Foto:
Luis Florit
 
Indivíduo adulto.
Morretes/PR, Dez. de 2015.
Foto:
Willian Menq
 

Adulto e filhotes no ninho.
Santana de Parnaíba/SP, Nov 2009.
Foto: Amarildo Jordão
 
Indivíduo jovem.
Angra dos Reis/RJ. Fev 2010.
Foto:
Paulo Tinoco
 

Adulto e filhotes no ninho.
Irani/SC. Dez de 2012.
Foto:
Willian Menq
 
Indivíduo adulto.
São Sebastião/SP, Dez de 2010.
Foto:
Andreas Oberhuber