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Corujinha-sapo Megascops atricapilla (Temminck, 1822)
Ordem: Strigiformes | Família: Strigidae | Monotípica


Indivíduo adulto. Foto: Wilfred Rogers

Corujinha endêmica da Mata Atlântica, vive no interior de florestas primárias e secundárias, podendo aparecer em bordas de matas e áreas urbanas densamente florestadas. É insetívora e estritamente noturna, torna-se ativa nos primeiros minutos da noite. No período reprodutivo canta com frequência e responde muito bem aos chamados de playback.


Descrição:
Mede de 22-24 cm de comprimento e peso de 115-160 g, sendo a fêmea mais pesada que o macho. Há variações individuais na plumagem, de forma geral, são conhecidos três padrões da plumagem: forma marrom, cinza e ferrugínea; a cor da íris também é variável, pode ser amarelo ou castanho-escuro. O adulto (forma marrom), apresenta o adulto apresenta dorso marrom, partes inferiores creme com finas estrias escuras, face marrom com borda do disco facial mais escura. Na forma cinza, o dorso e a cabeça é cinzento, enquanto que na forma ruiva o padrão geral da ave é marrom-ferrugíneo no dorso e cabeça, com ventre creme estriado de marrom-escuro; tarsos são emplumados até a base dos dedos.

Vocalização: A vocalização é uma sequência de notas que dura de 8 a 15 segundos, começando baixo e aumentando gradualmente em volume, encerrando de forma bastante abrupta. A voz da fêmea é mais alta em volume e geralmente mais curta, diferença perceptível quando ambos estão cantando.

Espécies-similares: É muito semelhante as outras Megascops da mesma área de ocorrência (M. choliba e M. sanctaecatarinae), tanto na cor da íris quanto na plumagem, sendo a vocalização o meio mais confiável na identificação da espécie. Ressalta-se que vocalização da M. atricapilla é muito semelhante a voz do macho da corujinha-do-sul (M. sanctaecatarinae), podendo ser difícil a diferenciação em campo. Dentre as diferenças, a voz da M. atricapilla é um canto mais longo, que dura de 8 até 15 segundos, com uma sequência de notas mais rápidas, e é encerrado de forma mais abrupta, enquanto que a M. sanctaecatarinae tem um canto mais curto, de 6 a 8 segundos, com notas mais lentas e com aspecto ventriloquial, dando a impressão de que duas aves cantam simultaneamente (isto é evidente em sonogramas, onde os harmônicos muito proeminentes dão uma impressão de que há uma segunda voz acima das notas básicas). Porém, há cantos que são complexos, com padrões intermediários entre as duas espécies, o que pode indicar a existência de indivíduos híbridos em localidades onde ambas espécies ocorrem.

Dieta e comportamento de caça: É principalmente insetívora, caça insetos, como besouros, cigarras, gafanhotos e mariposas, além de aracnídeos e pequenos vertebrados, capturados geralmente após investida a partir de um poleiro. Também desce ao solo com frequência à procura de presas entre as forragens.

Reprodução: Nidifica em ocos de árvores e ninhos abandonados por outras aves, como de bem-te-vis e pica-paus. O período de nidificação e postura é entre setembro e novembro, normalmente coloca 2-3 ovos brancos que são incubados pela fêmea, durante esse período o macho é responsável por levar alimento para a fêmea e posteriormente para os filhotes.

Distribuição Geográfica: Endêmica da Mata Atlântica, ocorre da Bahia até Santa Catarina, incluindo os resquícios de Mata Atlântica do sul de Goiás e extremo leste do Mato Grosso do Sul, leste do Paraguai e Argentina (Missiones).

Habitat e comportamento: Vive no interior de florestas primárias e secundárias, principalmente em florestas de subosque denso, com bambuzais, epífitas e arbutos (Philodendron e Tillandsia). Também pode aparecer em bordas de florestas e áreas urbanas densamente florestadas (Menq & Anjos 2015). Por ser uma ave de climas quentes, pode ser encontrada em regiões de até 600 m do nível do mar no norte de sua distribuição, enquanto que no sul (Misiones) vive em florestas de planície de até 250 m do nível do mar.

É uma coruja estritamente noturna, torna-se ativa nos primeiros minutos da noite. Dorme durante o dia em cavidades naturais ou camuflada na densa vegetação. Ao anoitecer, voa para um poleiro de onde começa a cantar. Vários indivíduos, especialmente machos, podem ser encontrados cantando em um mesmo local. Apresenta comportamento tranquilo, permite uma razoável aproximação humana. Além disso, vocaliza com frequência e responde muito bem aos chamados de playback.

Estudos de avaliação taxonômica (Barnett et al., in prep.) têm indicado que a forma nordestina de M. atricapilla apresenta diferenciações vocais e morfométricas de seu representante meridional e, possivelmente, pode representar uma espécie separada do complexo atricapilla (Roda & Pereira 2006).

Movimentos: Espécie residente.



:: Página editada por: Willian Menq em Fev/2018. ::



Referências:

Holt, W., Berkley, R., Deppe, C., Enríquez Rocha, P., Petersen, J.L., Rangel Salazar, J.L., Segars, K.P. & Wood, K.L. (1999) Species acounts of Strigidae. Em: Del Hoyo, J., A. Elliott, e J. Sargatal, (eds.) Handbook of the birds of the world. Volume: 5: barn-owls to hummingbirds. Barcelona, Espanha. Lynx Edicions. 759p.

Konig, C. & Weick, F. (2008) Owls of the world. Segunda Edição. New Haven, Connecticut: Yale University Press.

Menq, W. & Anjos, L. (2015) Habitat selection by owls in a seasonal semi-deciduous forest in southern Brazil. Brazilian Journal of Biology. v. 75(4.1):143-149.

Roda S. A. & Pereira, G. A. (2006) Distribuição recente e conservação das aves de rapina florestais do Centro Pernambuco. Revista Brasileira de Ornitologia 14 (4) 331-344.

 

Citação recomendada:

Menq, W. (2018) Corujinha-sapo (Megascops atricapilla) - Aves de Rapina Brasil. Disponível em: < http://www.avesderapinabrasil.com/megascops_atricapilla.htm > Acesso em: .



 
 

Distribuição Geográfica:

Status: (LC) Baixo risco

Canto - (gravado por: Tim Hirsch)
By: xeno-canto.




Indivíduo adulto.
Caraguatatuba/SP, Nov. 2016.
Foto: Willian Menq
 

Casal adulto.
Florianópolis/SC, Julho de 2012.
Foto: Matias H. Ternes
 

Adulto dormindo no ninho.
Florianópolis/SC, Outubro de 2012.
Foto: Matias H. Ternes
 

Indivíduo adulto (forma ferrugínea).
Florianópolis/SC, Julho de 2012.
Foto: Matias H. Ternes
 

Indivíduo adulto (forma marrom).
Caraguatatuba/SP, Nov. de 2016.
Foto: Willian Menq
 

Indivíduo levando uma barata para os filhotes no ninho. Florianopolis/SC.
Foto: Matias H. Ternes